sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Os Lemes em Pindamonhangaba

Como mostrou a obra de Luiz Gonzaga da Silva Leme, o ultimo Leme no capitulo sobre os Lemes, Bras Esteves Leme, filho de Bras Teves ou Esteves e de Leonor Leme, esse nasceu em São Paulo e casou-se com Margarida Bicudo de Brito, e faleceu em 1654. Tiveram do matromonio dois filhos, Bras Esteves Leme e Antonio Bicudo Leme. Os dois irmãos foram para o Vale do Paraiba em 1660, residindo em Taubaté e depois em Pindamongangaba, onde foram os fundadores da Vila. Antonio Bicudo Leme nasceu em 6 de m aio de 1632 na Villa de Parnahyba casou-se tres vezes, primeiro com Francisca Romeiro Velho Cabral, depois Luisa Machado e por ultimo com Anna Cabral da Silva. Do pimeiro matromonio teve 8 filhos, a primeira, Margarida Bicudo Romeiro, casou-se com Domingos Gil de Siqueira.
Capitão Mor Ignacio Bicudo de Siqueira, filho dos antecedentes, nasceu em Taubaté, em que deu inicio ao tronco Bicudo de Siqueira. casou-se com Bernarda Rodrigues da Silva. Faleceu em 02 de agosto de 1735.
Capitão Mor Ignacio Bicudo de Siqueira, filho do precedente, casou-se com Maria Vieira Marcondes, faleceu 29 de julho de 1793.
Capitão Mor Ignacio Bicudo de Siqueira Neto, natural de Pindamonmhangaba, filho do precedente, casou-se com Francisca Slagado Silva, Faleveu em 1 de outubro de 1836.
Cel Manoel Bicudo Siqueira Salgado, filho do antecedente, faleceu em 21 de julho de 1902, teve uma filha, Maria Candida Bicudo de Siqueira Salgado.
Maria Candida Bicudo Bueno, ja com seu nome de casada adotado, pois casou-se com o Cel Benjamin da Costa Bueno.
Benjamin da Costa Bueno Filho, nascido em Pindamonhangaba, em 21 de agosto de 1895, fez esus estudos no Colegio São Joaquim de Lorena e depois cursou os dois primeiros anos da Faculdade de Direito de São Paulo, a qual teve que deixar, dada a crise do café, prestou concurso para Fiscal do Imposto de Consumo e galgou posto primeiramente na cidade de Itú e depois Ribeirão Preto, onde conheceu e se casou com Maria Thereza Baracchini Bueno. Faleceu em 1989 em Pindamonhangaba.
Benjamin Augusto Baracchini Bueno, filho dos antecedentes, nascido em Ribeirão Preto em 14 de junho de 1943, empresario, residente e,m São José dos Csmpos, Estado de São Paulo. Este casou-se com Maria Tereza Azevedo Bueno.
Ricardo Benjamin Bueno, filho dos antecedentes, naturalde São Paulo, nascido em 26 de março de 1978, administrador de empresas, residente em São Paulo.
Fernando Benjamin Bueno, filho dos antecedentes ao acima, natural de São Paulo, nascidos aos 11 de abril de 1980, é advogado e trabalha em São Paulo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Os Lemes - O que diz a Genealogia Paulistana , obra de Luiz Gonzaga da Silva Leme

A família Leme, que da Ilha da Madeira passou à vila de S. Vicente pelos anos 1544 a 1550 prendia-se à antiga e nobre família que possuiu muitos feudos na cidade de Bruges do antigo condado de Flandres, nos Países Baixos(1). O seu primitivo apelido em Flandres era Lems, que significa argila ou grêda (barro fino e delicado), com o que esta família quis salientar a sua nobreza entre os seus compatriotas; em Portugal este apelido foi corrompido em Lemes e Leme.

Seguindo o ramo que nos interessa, o qual passou de Flandres a Portugal, e daí à Ilha da Madeira, começaremos por Martim Lems, cavalheiro nobre e rico, que foi senhor de muitos feudos na cidade de Bruges; foi casado e teve, entre outros f.ºs:

A-1 Martim Lems, que passou a Portugal.

A-2 Carlos Lems que foi almirante de França.

A-1 Martim Lems passou a Portugal por causa do comércio e se estabeleceu em Lisboa; foi tão magnânimo e de tal modo dedicado ao engrandecimento deste reino que montou por sua conta uma ursa (ou charrua) e nela mandou a seu f.° Antonio Leme com vários homens de lança e espingardas a auxiliar a expedição de el-rei d. Affonso em 1463 contra os mouros na África; em recompensa el-rei o tomou por fidalgo de sua casa. Não casou, porém teve de Leonor Rodrigues, mulher solteira, os seguintes f.ºs:

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(1) Desta família, de sua antigüidade e nobreza trataram muitos genealogistas portugueses, entre outros: Manoel Soeiro nos seus - Anais de Flandres; José Freire Montarroyo Mascarenhas e outros.

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B-1 Antonio Leme (que segue abaixo)

B-2 Luiz Leme

B-3 Martim Leme, gentil homem da câmara do imperador Maximiliano I.

B-4 Rodrigo Leme. Sem geração.

B-5 Catharina Leme casou 1.ª vez com Fernão Gomes da Mina e 2.ª vez com João Rodrigues Paes, contador-mor do reino. Com geração.

B-6 Maria Leme casou com Martim Diniz em Lisboa. Com geração.

B-1 Antonio, Leme, f.º de Martim Lems n.º A-1, seguiu para a África a mandado de seu pai, e muito se distinguiu na tomada de Arzilla e Tanger em 1463; por estes serviços el-rei dom Affonso o legitimou e o fez fidalgo de sua casa, conferindo-lhe o foro de cavalheiro, e mais fez-lhe a mercê de poder usar das armas dos Lems sem diferença, e o mesmo concedeu a seus descendentes de legítimo matrimônio, o que consta da carta de 12 de novembro de 1471 registrada na Torre do Tombo. O brasão de armas dos Lemes é o seguinte: "em campo de ouro, cinco melros de preto, em santor, sem pés nem bicos; por timbre um dos melros do escudo em uma aspa de ouro".

Antonio Leme casou e teve o f.º:

C-1 Martim Leme que, com carta de recomendação do infante o duque dom Fernando (senhor da Ilha da Madeira) à câmara do Funchal, passou em 1483 para aquela ilha, e faleceu no Funchal, onde foi casado e deixou 2 f.ºs:

D-1 Antonio Leme (quer segue)

D-2 João Leme: Sem geração.

D-1 Antonio Leme, f.º de C-1, viveu na Ilha da Madeira muito abastado na sua quinta, que depois se chamou dos Lemes, na freguesia de Santo Antonio do Campo junto à cidade do Funchal. Casou com Catharina de Barros, a qual instituiu o morgado na vila da Ponta do Sol na dita ilha, f.ª de Pedro Gonçalves da Camara e de Izabel de Barros, n. p. de Pedro Gonçalves da Camara e de Joanna d'Eça, esta f.ª de João Fogaça e da camareira-mor da rainha d. Catharina mulher de d. João III;

Pág. 181

bisneta do 2.º capitão do Funchal João Gonçalves da Camara, fidalgo da casa real, que foi tido em alta estima pelo rei por grandes serviços que lhe prestara na tomada de Cepta e de Arzilla, e de Maria de Noronha (com quem se casou em Cepta) f.ª de dom João Henriques, por este neta de dom Diogo Henriques, conde de Gijon, que foi f.º natural de dom Henrique, rei de Castela; terneta do 1.º capitão do Funchal João Gonçalves Zargo(1) e de Constança Rodrigues de Almeida (f.ª de Rodrigo Annes de Sá), os quais com seus f.ºs ainda menores em 1420 foram povoar a Ilha da Madeira, da qual foi o descobridor e capitão o dito Zargo, com propriedade na metade dela por concessão de el-rei.

O brasão de armas dos Camaras é o seguinte: "um escudo preto e ao pé uma montanha verde e sobre esta uma torre de prata entre dois lobos de ouro".

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(1) Sobre o princípio da nobreza da família Gonçalves da Gamara escreveu o dr. Gaspar Fructuoso em seu livro "Saudades da Terra" o seguinte:

"A ilustre progênie dos ilustres capitães do Funchal da Ilha da Madeira e da Ilha de S. Miguel, que deles descendem, teve um dos mais altos e honrosos princípios que se podem contar, se é verdade o que deles se conta.

Como escrevem os cronistas, em 1415 ou 1416 da nossa era partiu de Lisboa el-rei Dom João I com o príncipe D. Duarte e os Infantes D. Pedro e D. Henrique, seus filhos, e outros senhores e nobres do reino para a África, e tomou aos mouros por força das armas a grã cidade de Cepta, a qual depois foi cercada dos mouros, e o Infante D. Henrique a fui decercar, e, ou nesse cerco ou melhor, no cerco de Tanger, se acharam João Gonçalves o Zargo e Tristão Vaz, e o fizeram tão honradamente que o Infante os armou cavaleiros. Ou seja, aí, ou em outra parte, em algum dos lugares da África, estando lá um capitão de el-Rei, aconteceu que correndo mouros às tranqueiras, dentre eles saiu um que a cavalo desafiou os portugueses, dizendo que a um por um queria mostrar a valia de seu esforço; e se entre eles havia esforçados, que não encobrissem a sua.

Ao qual (entre muitos que se ofereceram) saiu, com licença do capitão, um esforçado de nome entre os cristãos, a quem na briga fortuna tão mal favoreceu que o mouro, com a morte dele, ficou senhor do campo. Logo saiu outro de não menos valia, que teve a mesma sorte do 1.º. Ao depois deste, outro e não sei se mais, que todos tiveram o mesmo fim. Vendo o capitão quão mal lhe sucederam as coisas nesse dia, estava tão pesaroso pela perda de seus cavaleiros que negou licença aos que pediam para vingar a morte de seus companheiros. Neste estado de coisa veio ao capitão um soldado infante, até então sem nome, e lhe pediu que deixasse sair ao mouro, que ele, com o favor de Deus, esperava vencer e trazer cativo.

Pág. 182

Do consórcio de Antonio Leme com Catharina de Barros procede entre outros:

E-1 Antão Leme, que foi casado na Ilha da Madeira e teve o f.º:

F-1 Pedro Leme, que passou da dita ilha a S. Vicente com sua f.ª Leonor já casada com Braz Teves, como escrevemos adiante. Pedro Taques menciona a este Pedro Leme como o 1.º chegado a S. Vicente, porém frei Gaspar da Madre de Deus assevera ter visto o livro mais antigo de termos de vereança de S. Vicente (não consultado por Pedro Taques) onde consta que Antão Leme foi juiz ordinário na dita vila em 1544; portanto, este (e não seu f ° Pedro Leme) deve ser considerado como o tronco dos Lemes em S. Paulo.

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Respondeu-lhe o capitão que deixasse de tal propósito, pois que ele não poderia fazer aquilo que tantos e tão animosos cavaleiros não fizeram, ele a pé e sem experiência. Insistiu o soldado dizendo que estando perdidos tantos cavaleiros e de tanto nome perante o capitão e o Rei, pouco se aventurava em perder ele a sua vida. O capitão, vendo o ânimo do soldado de parecer com os outros cavaleiros, concedeu-lhe a licença pedida. E logo o soldado pediu o cavalo de um cavaleiro que para efeito escolheu; e cavalgando nele com adarga embraçada e na outra mão um pedaço de pau, caminhou para o mouro, que, em o vendo escaramuçando, se veio mui soberbo a ele. E todas as vezes que queria ferir ao cristão, este não fazia mais que desviar de si a lança do mouro, o que fez até que, tanto que viu tempo e conjunção, remetendo depressa com o cavalo ao mouro, lhe deu em descoberto tão grande pancada, que, atordoado, o tomou pelos cabelos, e preso o entregou ao capitão; pelo qual feito foi daí em diante conhecido do Rei. Deste valoroso soldado, dizem, procedeu João Gonçalves o Zargo, seu f.º ou neto; e outros dizem que este feito em armas fez o mesmo João Gonçalves, e por o mouro, que ele ou seu pai ou avô matou, se chamar Zargo, lhes ficou a eles ou a ele o mesmo apelido e nome. A informação colhida na Ilha da Madeira conta este princípio de outra maneira, dizendo que este 1 ° capitão do Funchal foi chamado o Zargo, alcunha imposta por honra de sua cavalaria, porque no tempo em que os Infantes D. Henrique e D. Fernando f.°s do Rei D. João I se foram a cercar Tanger, com tenção de a tomar e sujeitar à coroa de Portugal, foi este capitão João Gonçalves com eles, por ser cavaleiro da casa do dito Infante D. Henrique. Estando, pois, os Infantes neste cerco, vieram sobre eles o Rei de Fez, o Rei de Belez-Lazeraque, e cinco Enxouvios e o Rei de Marrocos com todo o seu poder, em que traziam 60.000 cavaleiros e 100.000 infantes;

Pág. 183

Pedro Leme, f.° de Antão Leme, natural da Ilha da, Madeira, fidalgo da casa real, passou-se dessa ilha para S. Vicente, onde já morava pelos anos de 1550, segundo escreveu Pedro Taques. Segundo o mesmo escritor, Pedro Leme, antes de vir para S. Vicente, deixara a Ilha da Madeira e estivera no continente, na corte de d. João III, onde casou-se a 1.ª vez com Isabel Paes, açafata do paço, natural de Abrantes, f.ª de Fernando Dias Paes, que era tio de João Pinheiro, desembargador dor paço; passou a morar em Abrantes onde teve o f.° Fernando Dias Paes. Falecendo esta sua 1 .ª mulher Isabel Paes, voltou Pedro Leme à Ilha da Madeira com seu filho e aí casou-se 2.ª vez com Luzia Fernandes de quem teve a f.ª Leonor Leme, a qual passou, na companhia de seu pai, para S: Vicente já casada com Braz Teves, tendo ficado por algum tempo na dita ilha seu irmão Fernando Dias Paes, que mais tarde também mudou-se para S. Vicente, onde se casou com sua sobrinha Lucrecia Leme, como adiante veremos.

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os quais chegados cercaram logo os Infantes, pelo que lhes foi necessário fazer um palanque, onde se defenderam, com padecerem muitas afrontas e fortes combates, nos quais se mostrou tão cavaleiro o Zargo que deu mostras de seu grande esforço, pelejando valorosamente diante dos Infantes, que por essa causa o estimavam muito. E neste lugar do combate recebeu uma ferida em um dos olhos de um virotão que dos inimigos lhe atiraram, com que lhe quebraram um olho. E como naquele tempo se chamava Zargo a quem só tinha um olho, ficou-lhe o nome por insígnia e honra de sua cavalaria, porque dela deu tais mostras e se assinalou por tão cavalheiro, que não foi pouca a ajuda de seu esforço e indústria na guerra, para o Infante D. Henrique se salvar e acolher ao mar, a tempo que já o Infante D. Fernando ficava cativo por traição e manha. Assim que, com a indústria e esforço deste cavalheiro João Gonçalves o Zargo se recolheu e embarcou o Infante D. Henrique nos navios que no mar estavam para esse efeito, ficando sempre o Zargo em terra recolhendo a gente que pôde e sustentando esforçadamente o ímpeto e peso dos mouros, que sobre ele vinham por entrar o Infante. E depois de recolhidos com perda de muitos portugueses, João Gonçalves se recolheu bem ferido, com trabalho e perigo, sendo os mouros infinitos. Por este grande serviço, que este magnânimo João Gonçalves o Zargo fez ao Infante, e por outros que tinha feito a el-Rei, o estimavam muito, e lhe dava el-Rei cargos de substância, em que sempre se mostrava mui cavalheiro; por essa razão o encarregou, havendo guerras com Castela, de capitão da costa do Algarve, tendo-a bem segura de toda a moléstia dos castelhanos."

Pág. 184

Terceira vez casou-se Pedro Leme em S. Vicente com Gracia Rodrigues de Moura, f.ª de Gaspar Rodrigues de Moura. Faleceu Pedro Leme em 1600 em S. Paulo com testamento, em que menciona apenas o 2.º e 3.º casamentos; isto parece trazer duvida sobre o 1.º casamento, porém ela desaparece diante das indagações feitas por Pedro Taques em 1775 em Portugal (depois de ter escrito o seu Tit. de Lemes) que levaram-no à certeza da existência desse 1.° casamento, o que foi por ele comunicado a frei Gaspar da Madre de Deus, além da carta de brasão de armas passada a seu descendente Pedro Dias Paes Leme, registrada em Lisboa, da qual consta que Fernando Dias Paes, casado com sua sobrinha Lucrecia Leme, foi f.º de Pedro Leme e de Isabel Paes, n. p. de Antão Leme, bisn. de Antonio Leme e de Catharina de Barros etc.

A respeito de Pedro Leme escreveu Pedro Taques:

"embarcou na ilha da Madeira; e pelos anos de 1550 já estava em S. Vicente com sua mulher Luzia Fernandes e a filha Leonor Leme, mulher de Braz Esteves (ou Teves, como se vê em muitos documentos)(2), e veio fazer assento na vila, capital de S. Vicente, onde desembarcou com vários criados do seu serviço, e ali foi estimado e reconhecido com o caráter de fidalgo. Foi pessoa da maior autoridade na dita vila; e com a mesma se conservaram seus netos. Ali justificou Pedro Leme a sua filiação e fidalguia em 2 de outubro de 1564 perante o dr. desembargador Braz Fragoso, provedor-mor da fazenda e ouvidor geral de toda a costa do Brasil; e foi escrivão dos autos Antonio Rodrigues de Almeida, cavalheiro fidalgo da casa real; e obteve sentença extraída do processo, e passada em nome do senhor rei d. Sebastião, assinada pelo dito desembargador Braz Fragoso.

A petição para esta justificação foi do teor seguinte.

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(1) O parênteses é do autor desta obra.

Pág. 185

'Diz Pedro Leme, que ele quer justificar que é filho legítimo de Antão Leme, natural da cidade do Funchal da Ilha da Madeira, o qual Antão Leme é irmão direito de Aleixo Leme e de Pedro Leme, os quais todos são fidalgos nos livros de El-rei, e por tais são tidos e havidos e conhecidos de todas as pessoas que razão têm de o saber; e outrossim são irmãos de Antonia Leme, mulher de Pedro Affonso de Aguiar, e de Leonor Leme, mulher de André de Aguiar, os quais outrossim são fidalgos, primos do capitão donatário da Ilha da Madeira; os quais Lemes outrossim são parentes em grau mui propínquo de Dom Diniz de Almeida, contador-mor, e de D. Diogo de Almeida, armador-mor, e de Diogo de Cablera, f.° de Henrique de Sousa, e de Tristão Gomes da Mina, e de Nuno Fernandes, veador do mestrado de Santiago, e dos filhos de Claveiro por ser a mãe deles outrossim sobrinha dos ditos Lemes, tios e pai dele suplicante, os quais são tidos e havidos e conhecidos em o reino de Portugal por fidalgos; pede a Vmce. lhe pergunte suas testemunhas, e por sua sentença julgue ao suplicante por fidalgo, e lhe mande guardar todas as honras, privilégios e liberdade que às pessoas de tal qualidade são concedidas. E. R. M.'

Pelo contexto desta súplica e justificação dela, obteve Pedro Leme a sentença que temos referido, a qual foi depois confirmada na vila de S. Paulo por Simão Alves de Lapenha, ouvidor geral com alçada, provedor-mor das fazendas dos defuntos e ausentes, órfãos, capelas e resíduos, auditor geral do exército de Pernambuco em 3 de março de 1640 pela causa que correu em juízo contraditório entre partes Lucrecia Leme e seu irmão Pedro Leme, netos de Pedro Leme, contra os órfãos f.ºs bastardos de Braz Esteves Leme, irmão dos ditos Lucrecia e Pedro Leme, que foram herdeiros por falecer seu irmão solteiro e sem testamento; e aos autos desta demanda juntaram os autores para prova de sua qualidade a sentença proferida a favor de seu avô, por parte materna, o dito Pedro Leme».

Pág. 186

Do que ficou dito deduzimos que foram os seguintes os f.ºs de Pedro. Leme:

Da 1.ª mulher Isabel Paes:

N.º 1 Fernando Dias Paes

Da 2.ª mulher Luzia Fernandes:

N.º 2 Leonor Leme

N.º 1

Fernando Dias Paes, que tinha ficado na Ilha da Madeira em companhia de seus avós quando partiu seu pai para S. Vicente, mais tarde também passou a morar nesta vila onde casou-se 1.º com Helena Teixeira e 2.ª vez com sua sobrinha Lucrecia Leme, f.ª de Braz Teves e de Leonor Leme n.° 2 adiante. Teve:

Da 1.ª mulher Helena Teixeira 3 f.°s que, segundo escreveu Pedro Taques, foram para a Bahia, a chamado de um parente de grande respeito e tratamento, e são:

Cap. 1 ° Francisco Teixeira

Cap. 2.° Vicente Teixeira

Cap. 3.° Antonio Teixeira, que casou na Bahia e deixou uma f.ª que também casou na mesma cidade e deixou grande geração.

Da 2.ª mulher Lucrecia Leme deixou os f.ºs descritos no Cap. 5.° do n.° 2 adiante.

N. 2.º

Leonor Leme, f.ª de Pedro Leme e de sua 2.ª mulher Luzia Fernandes, veio casada da Ilha da Madeira com Braz Teves (corrompido no Brasil em Esteves). Foram por muitos anos moradores em S. Vicente, onde eram proprietários do engenho de açúcar chamado de S. Jorge dos Erasmos, com cujos lucros se tornaram abastados; mais tarde se mudaram com seus f.°s para a vila de S. Paulo, onde fez Braz Teves seu estabelecimento e teve as rédeas do governo. Faleceu Leonor Leme com testamento em 1633 em S. Paulo no estado de viúva e teve os 5 f.°s seguintes (C. O. de S. Paulo):

Cap. 1.º Pedro Leme

Cap. 2.º Matheus Leme

Cap. 3.º Aleixo Leme

Cap. 4.º Braz Esteves Leme

Cap. 5.º Lucrecia Leme

Pág. 187

Cap. 1.º

Pedro Leme, natural de S. Vicente, foi homem nobre e da governança da terra como se vê em seu depoimento como testemunha em 1640, com 70 e tantos anos de idade, em uma demanda entre Catharina do Prado, viúva de João Gago da Cunha, e Salvador Pies de Medeiros sobre reivindicação de uns chãos sitos na vila de S. Paulo. Por esta declaração de idade em 1640, vê-se que nasceu entre 1560 e 1570. Foi 1.º casado com Helena do Prado f.ª de João do Prado (de Olivença) e de Filippa Vicente: Tit. Prados. Segunda vez cremos com fundamento que foi casado com Maria de Oliveira(1) f.ª de ... Teve q. d.:

Da 1.ª mulher:

1-1 Lucrecia Leme § 1.º

1-2 Braz Esteves Leme § 2.º

1-3 Matheus Leme do Prado § 3.º

1-4 Capitão Pedro Leme do Prado § 4.º

1-5 Capitão Domingos Leme da Silva § 5.º

1-6 Aleixo § 6.º

1-7 João Leme do Prado § 7.º

1-8 Helena do Prado § 8.º

1-9 Filippa do Prado § 9.º

Da 2.ª mulher a f.ª única:

1-10 Maria de Oliveira § 10.º

§ 1.º

1-1 Lucrecia Leme casou-se com Francisco Rodrigues da Guerra, natural da vila de Castelo de Vide, Portugal. Teve q. d.:

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(1) Pedro Taques diz em sua Nobiliarquia Paulistana que Maria de Oliveira foi a 2.ª mulher do capitão Pedro Leme do Prado, viúvo de Maria Gonçalves; mais tarde, porém, em seus apontamentos riscou este 2.° casamento com Maria de Oliveira. Realmente, o inventário do capitão Pedro Leme do Prado, falecido com testamento em 1658 em Jundiaí, (C. O. de Jundiaí) não menciona tal casamento, e sim somente com Maria Gonçalves, que faleceu muito depois de seu marido, em 1674, na mesma vila de Jundiaí. Em vista desta prova somos levados a crer que Maria de Oliveira foi a 2.ª mulher de Pedro Leme Cap. 1.° e madrasta do capitão Pedro Leme do Prado § 4 °. De mais, quando mesmo fosse Maria de Oliveira a 1.ª mulher do capitão Pedro Leme do Prado, isso não acarretaria outro erro mais do que a supressão de uma geração na árvore de seus descendentes.

A saga dos Lemes
Os ancestrais da D. Maria Candida Bicudo Bueno vieram de Brugges, cidade Belga, na Provincia de Flanders que é origem da familia Leme, originariamente Lem, e recebeu o "e" quando imigrou a Portugal (1420) a convite do Rei Dom Afonso Henrique. A familia tem como seu primeiro ancestral conhecido documentalmente o Guillaume (Will) Lem (*1365 +1440) que esposou em 1391 Claire de Beernem , tiverm o filho Martin Lem (Marteen Lem I) , e deste, o Martin Lem que foi a Portigal e casou-se com Leonor Rodrigues, cidadã portuguesa, e tiveram filhos, um deles, Antonio Leme quer se casou com Catharina de Barros, recebeu por Decreto de 12.11.1471 assinado por DX. Aphonso IV, a licença para ter seu próprio Brazão de Armas . Esse foi o ramo que imigrou para o Brasil vindos da Ilha da Madeira.
Os historiadores europeus, Ruud Lem (UK) e Will Lem (ND), descendentes da familia, fizeram um trabalho minucioso e documental e transformaram em um livro chamado " Genealogia Leminiana " editado em. Nas suas pesquisas econtraram muitas surpresas e fatos muito interessantes, somente o capitulo sobre o Brasil não foi publicado, pois eles tinham apenas dados dos Leme quando embarcaram ao Brasil. Ruud Lem esteve no Brasil em janeiro de 2008 fazendo pesquisas e encontrando membros dessa familia. Ele esteve em Pindamonhangaba, cidade fundada por Cap. Antonio Bicudo Leme e seu irmão Bras Esteves Leme, reconhecidos por Pedro Taques de Almeida Leme e Luiz Gonzaga da Silva Leme em seus livros respectivamente, Nobiliarchia Paulistana e Genealogia Paulistana, como fundadores da Vila de Pindamonhangaba . Ruud sempre acompanhando por Benjamin A. B. Bueno, descendente do fundador, foi recebido pelo Prefeito da cidade e proferiu palestra na Academia Pindamonhangabense de Letras. Ruud se impressionou quando visitou a tumba de Bicudo Leme na Igreja Matriz de Pindamonhangaba. Viu um seu parente dar origem a uma vila longe dos suas terras, fato comum na vida dos Leme, homens desbravadores e desenvolvedores economicos por execelencia. O primeiro moinho de açucar no Brasil, São Jorge dos Erasmos. em São Vicente, foi fundado por um Leme, seguindo o que ja tinham feito na Ilha da Madeira.
Contou Ruud que o nome Lem tem varios derivativos como Lems, Lemm, Lemson e Leme, mas são todos originarios dessa provincia encravada entre a Belgica e Holanda. Como eram catolicos sofreram muitas pressões da Reforma. Bruges era intimamente ligada com Veneza e Florença pelos seus portos onde passava o comercio europeu. Tinham eles companhias de comercio internacional, que chamamos hoje em dia "trading companies" e armazens nas docas. Tinham seus feudos e lutaram contra exageros de impostos de governantes e foram punidos. Isso os incetivou a ter negocios fora de Flanders. Ajudaram Portugal nas batalhas contra os mouros e então receberam reconhecimentos da coroa podendo registrar seus filhos ja com o nome aportuguesado, Leme.